A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas. Difícil de mandar recado para ela. Não havia e-mail. O pai era uma onça. A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão. E pinchava a pedra no quintal da casa dela. Se a namorada respondesse pela mesma pedra era uma glória! Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira. E então era agonia. No tempo do onça era assim.
BARROS, Manoel de. Texto extraído do livro “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, Editora Record – Rio de Janeiro, 2001, pág. 17.
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais:
a) está a serviço do projeto literário, auxiliando na distinção das ações de um e de outro personagem.
b) auxilia na caracterização do tempo, do espaço e dos personagens da narrativa.
c) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto.
d) ajuda a localizar o enredo em um tempo ora mais, ora menos distante do presente.
e) traduz a reminiscência de fatos passados que ficaram registrados na vida íntima do narrador.
RESPOSTA
Letra E.
Os verbos conjugados no passado evidenciam uma narrativa em torno da memória de algo já distante do tempo presente. Dessa forma, narram-se os fatos a partir da lembrança pessoal trazida pelo personagem acerca de uma relação sentimental vivida em um tempo antigo, o “tempo do onça”.